A
Igreja nos ensina que na eternidade em Deus nossa atividade será louvá-Lo, sem
cessar. Citando santo Inácio de Loyola, o Catecismo sempre ensinou que este
será o gozo da nossa alma. Na oração Sacerdotal , antes de sofrer a Paixão,
Jesus orou assim: “A vida eterna consiste em que Te conheçam a Ti, um só Deus
verdadeiro, e a Jesus Cristo que enviaste.” (Jo 17,3). Então, a vida eterna
consiste em “conhecer” e “louvar” a Deus.
Não
é possível louvar a Deus sem conhecê-Lo. Mas este conhecimento de Deus não é
apenas teológico, mas principalmente pela comunhão e participação de sua vida
divina.
Ao
contemplar a grandeza ou a beleza de suas obras, todas feitas para nós, com amor,
sabedoria e perfeição, nosso coração exulta e nossos lábios cantam como o
salmista. Os 150 Salmos são a expressão de um coração apaixonado pelo seu Deus,
e que exprime em prosas, versos, canções, gritos e júbilos, toda a sua alegria
e todo o seu amor ao Criador.Assim, o louvor é a expressão primeira e
necessária de todo aquele que crê. O salmista quer que tudo e todos, sem
cessar, em todo o tempo e lugar, cantem as glórias do Senhor. O último dos
salmos expressa essa “explosão” de louvor:
Louvai em seu majestoso firmamento.
Louvai-o por suas obras maravilhosas,
Louvai-o por sua majestade infinita.
Louvai-o ao som da trombeta,
Louvai-o com a lira e a cítara.
Louvai-o com tímpanos e danças,
Louvai-o com a harpa e a flauta.
Louvai-o com símbolos sonoros,
Louvai-o com símbolos retumbantes.
Tudo o que respira louve o Senhor” (Sl
150).
É
maravilhoso esse “tudo o que respira louve o Senhor”!
A
Liturgia faz eco a essas palavras dizendo: “Na verdade, Vós sois santo, ó Deus
do universo, e tudo o que criastes proclama o vosso louvor…” (Or. Eucarística
III)
Deus,
por sua onipotência, onisciência, onipresença, perfeição, majestade,
eternidade,… tem direito de receber de todas as suas criaturas o louvor
permanente, por uma razão muito simples, foi Ele quem as criou; isto é, as
tirou do nada. Por isso dizia São Tomás que “quanto mais nos afastamos de Deus,
mais nos aproximamos do nada.”
O
louvor é, portanto, a necessidade da alma que reconhece a grandeza do seu
Criador, e agradece as suas maravilhas.
Maria,
a “serva do Senhor”, soube expressar muito bem esta realidade:
“Minha alma engrandece o Senhor, Meu
espírito exulta de alegria em Deus meu salvador”.
Quando
louvamos o Senhor, conscientemente, do fundo da alma, não apenas com os lábios,
nossa alma sintoniza com Deus, e todas as suas faculdades são ordenadas,
harmonizadas e pacificadas. Por isso, diz a Liturgia: “Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar-Vos
graças e bendizer-Vos, Senhor, Pai santo, fonte da verdade e da vida…”
(Prefácio – o dia do Senhor).
Deus
não precisa do nosso louvor, nós é que precisamos louvá-Lo, a fim de fazermos
comunhão com Ele, e nos enriquecermos dos seus dons. É ainda a Liturgia que nos
ensina que: “se louvar a Vós, nada
acrescenta à Vossa Majestade, no entanto contribui para a nossa santidade…”.
E ainda: “É justo e nos faz todos ser
mais santos louvar a Vós, ó Pai, no mundo inteiro, de dia e de noite,
agradecendo com Cristo…” (Or. Euc. V)
Como
não podemos passar o dia em louvor, apenas com os lábios, por causa das
atividades, Deus nos deu uma outra maneira de louvá-Lo: cumprindo bem a sua
vontade em tudo o que devemos fazer. Assim, tudo será dirigido para a Sua
glória. Podemos louvar a Deus com os lábios e com a vida. Santo Agostinho
dizia: “Vou te dar um meio de louvar a
Deus o dia inteiro, se o quiseres. Tudo o que fizeres, faze-o bem e terás
louvado a Deus.”
São
Paulo nos ensina a fazer tudo com a reta intenção de louvar a Deus: “Quer comais, quer bebais, ou façais qualquer
outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus”. (1Cor 10,31)
Isto
deixa claro que não devemos louvar a Deus somente com palavras, mas também com
a vida.
Esta
é a mais bela maneira de louvar a Deus: cumprir bem a sua vontade. “Fazer o que Deus quer, e querer o que Deus
faz”, dizia Santo Afonso de Ligório.
Jesus
disse: “Brilhe vossa luz diante dos
homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem vosso Pai que está
nos céus.” (Mt 5, 16)
Portanto,
o Pai é glorificado quando os outros observam as nossas “boas obras”, e não
apenas nosso louvor oral.
De
nada vale louvar a Deus com os lábios e ser um preguiçoso, relapso nos serviços
do seu estado, ou displicente na sua profissão. Pouco vale louvar a Deus com os
lábios se não o louvar com a vida. Por isso dizia o grande santo Agostinho: “Canta com os lábios, canta com o coração,
canta com a vida.”
Quando
Jesus terminou sua missão, antes de sofrer a Paixão, disse ao Pai: “Eu te glorifiquei na terra. Terminei a obra
que me deste para fazer.” (Jo 17,4)
Prof.
Felipe Aquino
Adriana Pavoni
Ministério de Comunicação
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